Texto por Colaborador: 09/01/2018 -

O bordão “That’s All Folks ”é conhecido por diversas gerações que cresceram assistindo o desenho dos Looney tunes, o bordão que foi traduzido como “por hoje é só pessoal” marcava o fim da animação, utilizado como título do texto, ele também ilustra um fim, mas não o de mais um episódio do pernalonga, o bordão dessa vez ilustra o fim de um espetáculo, o espetáculo protagonizado pelo pequeno mágico de Anfield, que escolheu mudar a locação de seu show.

Esta semana, uma negociação esquentou o mercado. Negociação essa que já estava prevista há algum tempo, o meio campista Philipe Coutinho já estava de malas prontas desde a última janela e talvez segurar o jogador contrario a sua vontade não fosse a melhor atitude a ser tomada no momento.

Philippe chegou ao Liverpool após uma temporada no Espanyol da Catalunha. Acreditando no seu potencial e nos frutos que poderia render, o Liverpool resolveu investir e contratar o jovem jogador brasileiro. O tempo passou e Phil recebeu a alcunha de “o mágico de Anfield”. Devido a sua tirada mágica para a direita, capaz de salvar o Liverpool em alguns jogos. Dizem por ai que o bom mágico não revela os seus truques, eu não concordo muito com essa frase. Já ficou evidente para o público de Anfield, que um truque, mesmo conhecido, se bem executado ainda é capaz de impressionar o mais antigo espectador.

Coutinho assinou com o Barcelona. como já era desejo do jogador desde a última janela de transferência quando o mesmo entregou um pedido ao Liverpool solicitando sua ida ao clube Catalão, não sendo atentido pela diretoria dos Reds, que segurou Coutinho contra sua vontade. O que não foi possível de ser feito nessa janela, a vontade do jogador prevaleceu e o Liverpool resolveu abrir mão do seu camisa 10 para o Barcelona.

A forma que o Barcelona conduziu a negociação passou a imagem de que a contratação de Coutinho era uma urgência para o clube Catalão, entretanto, mesmo sendo um desejo antigo, muitos fatores não fazem com que Coutinho seja uma contratação urgente para o Barcelona. O mais importante é o elenco, o Barcelona possui um meio campo inflacionado e a chegada de um meio campista não é nenhuma urgência neste setor do clube, mesmo sendo um jogador de elevado potencial. Ainda não há consenso se o jogador chegaria já como titular. Além do fato de que Coutinho, tendo atuado pelo Liverpool na Champions League, não pode debutar pelo Barcelona na competição mais importante do ano para qualquer clube europeu. Coutinho chega apenas para disputar o campeonato espanhol-que já está praticamente ganho.

Em Hollywood muitos achariam questionável se um ator resolvesse trocar o seu papel de protagonista em um filme para ser coadjuvante em outra produção, mesmo sendo um ator capaz de agregar a obra. Entretanto, o futebol não é Hollywood, e muitos atletas abrem mão do seu papel de protagonista em seus clubes para virarem potenciais coadjuvantes em outros. Não foi diferente com Coutinho, que resolveu ser mais um no espetáculo do baixinho Argentino. Couto abriu mão não só do mata mata da Champions League, mas também de ser o nome de um processo de reestruturação de um gigante europeu que é o Liverpool. Couto já vem demonstrando seu bom futebol há umas 3 temporadas, e sofre com a dificuldade do Liverpool em montar uma equipe competitiva a altura do craque. Entretanto, esse cenário estava mudando, o Liverpool finalmente conseguiu montar um time competitivo, capaz de despertar grandes expectativas esse ano.

Coutinho poderia ter sido o nome capaz de liderar esse processo de renovação no clube, entretanto, preferiu trocar o seu protagonismo no Liverpool por um desejo antigo. Uma pena, para o Liverpool que perde o seu camisa 10 e para o fã de futebol, que perde mais um craque nessa edição da Champions League. A forma que Coutinho saiu do Liverpool é digna de questionamento, talvez em agradecimento ao clube poderia ter dado uma coletiva felicitando bons momentos que viveu no clube e dando o seu adeus definitivo pela “porta da frente”. Entretanto, um ponto vale o ressalto, mesmo contrariado. Coutinho foi um jogador exemplar e continuou comendo a bola dentro de campo, o que é uma raridade, em um cenário de jogadores que priorizam suas vontades e ignoram o profissionalismo. Coutinho, não fez corpo mole, foi muito profissional e é merecedor de todo o sucesso do mundo em sua nova caminhada. Adeus, mágico, que o show continue fora da terra da rainha.​
 
Por Yan Gomes / Contato @yanggomes

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